EU MAIOR | Higher Self - Documentário

Um filme sobre autoconhecimento e busca da felicidade.
Foram entrevistados trinta personalidades, incluindo líderes espirituais, intelectuais, artistas e esportistas.

Comentários

  • Em toda a história da humanidade há
    uma questão que nos acompanha...

    em qualquer momento
    da história humana.

    A grande questão, que é
    absolutamente abstrata...

    mas ela é funda, é...

    por que existe alguma
    coisa e não nada?

    Quatro grandes foram os caminhos
    para tentar responder a essa angústia.

    A ciência, a arte,
    a filosofia e a religião.

    Essas quatro áreas se dedicaram
    a tentar explicar...

    por que nós existimos,
    por que as coisas existem...

    com uma grande diferença:
    a ciência...

    procurou trabalhar o "como"
    das coisas, isto é, o funcionamento...

    enquanto a filosofia,
    a arte e a religião...

    foram em busca dos "porquês".

    Ambos são necessários.

    Não ao mesmo tempo,
    e não do mesmo modo.

    Mas tanto o "como" quanto
    o "por que" são necessários.

    Pergunta fundamental:
    Deus existe, o que é, onde está?

    O que estamos fazendo aqui?
    Para que serve a vida? Quem sou eu?

    Por que nascemos, morremos,
    há significado nisto?

    Pra que tudo isto?
    É por nada?

    Quem sou eu? O que sou eu?

    Mais do que quem...

    porque às vezes nós podemos dar
    nossa carteirinha de identidade, né?

    Tem meu nome, minha filiação...

    mas não é essa a pergunta.

    A pergunta é:
    o que é você, ser humano?

    Como funciona um ser humano?

    Corpo, mente, espírito.

    Há separação?

    Há divisão?

    Tem alguma coisa fluindo,
    flutuando separada?

    Ou será que não é uma integração,
    uma integridade?

    Eu estou muito interessado hoje em dia
    na questão do conhecimento...

    o quanto a gente pode conhecer
    sobre o mundo.

    Então, uma maneira
    de você representar isso...

    metaforicamente,
    é você pensar que...

    tudo que a gente
    conhece está numa ilha.

    E essa ilha é cercada
    pelo desconhecido.

    E à medida que o conhecimento
    vai avançando...

    a gente vai desenvolvendo novos
    instrumentos, novas teorias...

    essa ilha vai crescendo...

    mas à medida que ela cresce...

    cresce também a margem...

    que ela faz, a fronteira,
    vamos dizer assim...

    que ela faz com o desconhecido.

    Ou seja, quanto mais a gente
    conhece sobre as coisas...

    mais a gente desconhece também,
    mais perguntas surgem.

    E essa questão está ligada
    profundamente com a questão...

    de quanto a gente
    pode conhecer do mundo.

    Porque o ponto é que esse...

    oceano do desconhecido,
    vamos dizer assim...

    em princípio, é infinito.

    Ou seja, mesmo que o conhecimento
    humano aumente com o tempo...

    a gente nunca vai poder
    conhecer tudo sobre o mundo.

    Então a gente tem que viver
    com essa sabedoria...

    que a gente nunca vai poder
    ter uma visão completa do mundo...

    o que não nos torna
    menos humanos.

    Na verdade, nos torna
    mais humanos, e menos deuses.

    Um terapeuta...

    que faça um bom trabalho...

    com seu paciente...

    inevitavelmente,
    o paciente vai começar...

    a querer ir além...

    do fenômeno material.

    À medida que ele se ajusta...

    profissionalmente, afetivamente...

    À medida que ele se alinha...

    no social...

    ele começa a questionar.

    Quem sou eu?

    O que estou fazendo aqui?

    Para onde eu vou?

    Será que de fato o meu
    propósito externo...

    está em sintonia com o
    meu propósito interno?

    Quem sou eu?

    Essa é a grande pergunta.

    E quando a gente vai
    camada por camada...

    sempre tem uma nova surpresa.

    E mesmo que a gente
    chegue na luz...

    depois se pergunta
    como a perdeu de novo.

    Porque essa inspiração do ser...

    ela pode escorregar
    de novo entre os dedos.

    Ninguém deve pensar
    que já chegou lá.

    E dizem que há um estágio
    que é irreversível.

    Eu, sinceramente,
    não o alcancei.

    E quando outro dia, numa
    palestra vieram me dizer...

    que eu isso e aquilo...

    eu digo: "Olha, essa não é a opinião
    que a minha esposa tem de mim."

    "Quisera que ela tivesse toda a
    admiração que a senhora está tendo."

    Na minha vida, o meu esporte
    serve como uma...

    ferramenta de autoconhecimento
    muito grande...

    primeiro, porque...

    pra ser profissional
    e ter um bom rendimento...

    você precisa se conhecer
    fisicamente e mentalmente.

    E segundo...

    pela geografia do meu esporte.

    Ele tem uma relação muito
    direta com a natureza...

    o que é saudável...

    e também pela
    necessidade de viajar.

    O que faz com que você saia...

    do seu casulo e comece
    a entender o mundo...

    e ver o mundo de formas diferentes.

    A prática...

    da onda gigante tem a ver
    com a maneira que eu vejo a vida.

    Eu gosto de desafios,
    está entendendo?

    Você se expõe de uma maneira
    louca, você morre.

    De uma maneira preparada,
    você aprende.

    Eu levei toda a minha vida
    pra me entender.

    E ainda vou passar o resto dela...

    procurando mais e mais...

    dicas pra que eu chegue...

    em algum lugar que eu
    ainda não estou hoje.

    A busca nunca pára,
    a busca é infinita.

    É comum a todas as pessoas
    buscar uma satisfação...

    mas ao mesmo tempo
    também é comum descobrir...

    que nada me traz uma satisfação
    de uma forma definitiva.

    Nada realmente me preenche.

    Então, tudo é insuficiente.

    Existe uma busca...

    do que é que vai dar
    essa suficiência?

    O que vai me produzir uma satisfação
    de uma forma definitiva?

    Essa também é uma busca comum...

    mas é necessário discernir
    esse problema...

    discernir a situação,
    analisar e descobrir...

    do que estou sofrendo?

    Eu estou sofrendo porque não tenho
    determinadas coisas que as pessoas têm?

    Ou mesmo que eu tivesse,
    eu continuaria meu sofrimento?

    Discernir o problema...

    pra buscar a solução
    é fundamental.

    Nem sempre a gente discerne
    o problema.

    Mas busca uma solução.

    E não sabe pra que está...
    a solução pra quê?

    Você não sabe o problema!
    Então, a solução...

    você não sabe nem exatamente onde
    que você vai encontrar essa solução.

    Se nós pensarmos
    na criação do universo...

    há 15 bilhões de anos atrás...

    15 bilhões de anos
    e um segundo atrás...

    não existia nada de acordo com...

    a teoria científica mais aceita
    da criação do universo hoje em dia.

    Há 15 bilhões de anos
    surgiu o Big Bang.

    Houve a grande explosão.

    Então, se nós pensarmos
    essa grande explosão...

    como uma metáfora de
    ondas concêntricas...

    quando você joga uma pedra
    num lago de águas tranquilas...

    o que acontece?
    Você forma ondas concêntricas.

    Então, pensemos
    nessa grande cadeia do ser...

    como sendo essas
    ondas concêntricas...

    que é o próprio processo evolutivo
    se desenvolvendo.

    A primeira onda que se formou
    é a onda da matéria.

    A primeira coisa que surgiu
    após o Big Bang foi matéria.

    A matéria surgiu...

    sob a forma de energia, matéria,
    partículas subatômicas...

    formando átomos, átomos,
    moléculas, galáxias...

    sóis, etc. e tal.

    Posteriormente, há 5 bilhões
    de anos atrás, surgiu a Terra.

    A Terra, matéria ainda,
    nessa primeira onda.

    Há 3,5 bilhões de anos atrás...

    surgiu a segunda onda,
    a segunda macro-onda.

    Surgiu a vida na Terra.
    E essa vida, então...

    partiu de todo um processo
    de organismos unicelulares...

    por uma cadeia filogenética
    vegetal e animal...

    até os animais superiores,
    até os mamíferos superiores...

    e aí, há cerca de 1 milhão
    de anos atrás...

    não é mais bilhão, é milhão...

    apareceu a terceira onda...

    que nós chamamos "a onda
    da mente". Então, veja...

    esse processo de expansão
    de níveis de consciência...

    vem se dando.

    A ciência tradicional, atual,
    pára aqui, ela não vai além.

    Mas você há de convir comigo
    que nós devemos...

    esse processo...
    ele deve continuar.

    Então existe um quarto nível,
    que seria o nível do espírito...

    que seria o nível de transcendência
    desse nosso nível atual...

    desse macronível atual,
    que é o nível do ego...

    em que nos vemos como
    uma individualidade.

    Nós seremos... muito mais.

    Nós seremos a nossa
    individualidade e algo mais.

    Então, esse é o conceito
    do Grande Ninho do Ser.

    É um conceito que existe desde as
    tradições de sabedoria antigas...

    e que hoje pode ser feita
    uma releitura dele...

    através desse processo de conhecimento
    que a evolução nos trouxe.

    Uma vez um aluno me pediu
    uma entrevista...

    chegou na minha casa
    e me fez essa pergunta...

    "Como é que o senhor se preparou?

    Como é que planejou
    a sua vida...

    pra chegar onde chegou?"

    Eu percebi logo
    que ele me admirava...

    queria seguir o meu
    caminho, queria...

    o mapa do caminho,
    e eu disse a ele...

    "Eu cheguei aonde cheguei...

    porque tudo que
    planejei deu errado."

    É a pura verdade!

    Então eu sou...

    escritor por acidente.
    Já fui outras coisas...

    já fui professor de filosofia,
    já fui teólogo, já fui pastor...

    agora...

    sou um velho.

    O ser humano não é o corpo.

    Ele possui o corpo, manobra
    com o corpo, cuida do corpo...

    mas ele não é o corpo.

    Então, o Yoga...

    é um estilo de vida sim,
    você falou bem.

    É um estilo de vida...

    que cultiva o corpo, mas que
    cultiva também a mente...

    trabalha com as energias...

    Os grandes iogues
    não trabalharam o corpo.

    Você viu alguma fotografia...

    do grande iogue Jesus Cristo...

    de cabeça para baixo?

    Ninguém viu.

    Ninguém viu os asanas...

    da devota Santa Terezinha.

    Ninguém viu.

    São realidades.

    Você não deixa
    de praticar Yoga...

    quando já não tem o corpo.

    Envelhecido...

    89 anos.

    Eu continuo praticando Yoga...

    mas sem trabalhar o corpo.

    É muito pobre a
    concepção do Yoga...

    como ginástica física.

    Tem um ditado superpessoal, né?

    Isso já é muito íntimo, mas é
    um ditado que fala assim...

    está comigo há muito tempo, que é...

    "Tudo um dia será nada.

    E esse nada será o tudo...

    que tanto procuramos encontrar."

    Eu não sei de onde veio isso,
    mas está na minha vida...

    há muitas décadas.

    Estou tentando entender
    até hoje esse ditado.

    Mas está comigo...
    É uma coisa que veio.

    A gente está falando tanto
    de saúde, de autocuidado...

    e isso é sair de um processo
    de passividade...

    de chegar pro médico e falar...

    "Me dá os medicamentos.
    Me dá as vitaminas.

    Me indica qual é o
    terapeuta maravilhoso...

    que vai me tocar e vai
    mudar a minha vida."

    Para um processo mais
    ligado a um autocuidado...

    a um cuidado diário,
    com o que você come...

    com a maneira que você
    respira, e se expressa.

    Um olhar com muito mais
    consciência sobre os teus atos.

    Isso não é muito simples...

    porque o paciente vem
    ao médico pedindo...

    o que é tradicional.

    "Me tira desse lugar agora!

    Eu quero uma mudança imediata."

    E você devolve para
    ele um caminho.

    Uma visão de caminhar.
    "Eu vou te ajudar nesse caminhar."

    Mas não é uma...

    uma mudança que vai acontecer
    de maneira tão abrupta.

    Eu acho que o sentido da vida é
    a expressão da sua integralidade.

    Quem sou eu?
    Onde está minha expressão aqui?

    E tentar viver isso...

    seja lá do tamanho que for.

    Eu acho que...

    tem essa reflexão...

    de chegar num momento
    em que o ser...

    é mais importante do que
    o fazer apenas.

    Que o fazer te ajuda
    a sustentar o ser...

    mas o ser é a base do processo.

    Eu acho que isso é uma busca de
    autotransformação, de autoconhecimento.

    A gente aprende que
    estamos aqui na Terra...

    com uma finalidade específica...

    que envolveria a nossa evolução.
    Se alguém me perguntar...

    "O que você está fazendo na Terra?"

    A gente aprende que estamos
    aqui para evoluir...

    superando as nossas limitações...

    as nossas dificuldades de
    problemas, de relacionamento.

    Enfim, crescer espiritual,
    moral, intelectualmente.

    Então, eu diria que a
    finalidade da vida...

    o objetivo da vida, o sentido
    da vida pra mim seria isso.

    O empenho de evoluir sempre.

    Gente, eu sou muito tímida;
    eu estou fazendo um esforço.

    • Você quer um copo de água?

    Não, eu quero comer minha barrinha.
    Mas, vamos lá, pau na máquina!

    Eu vou tomar água.

    • Você quer comer alguma coisa?

    Vou pegar uma barrinha.

    O pessoal do Big Brother anda
    com esse negócio aqui grudado.

    Como eles tomam
    banho com isso?

    O sentido da vida varia de acordo
    com a época da vida.

    O sentido da vida
    pra mim já foi...

    lutar por uma causa, depois
    foi amar um homem...

    depois foi...

    cuidar das filhas.

    Às vezes, tudo isso junto,
    às vezes...

    algo em primeira instância.

    Mas, hoje em dia...

    o sentido da vida é...

    A vida já é,
    ela já tem um sentido.

    Eu não sei...
    É diferente pra mim hoje.

    Hoje eu acho que...

    viver é o sentido.

    Eu vi uma frase de um
    pensador francês aqui...

    entrevistado por algum veículo...

    algum jornal brasileiro,
    que dizia o seguinte...

    "A vida não tem sentido nenhum...

    mas não é proibido dar-lhe algum."

    Então, esse eu acho que é
    um pensamento muito...

    ao mesmo tempo, libertário...

    e ao mesmo tempo que dá
    seriedade à ideia da vida.

    A vida é um projeto individual...

    e nisso talvez eu seja mais
    anarquista do que...

    um indivíduo vinculado a
    qualquer outra doutrina...

    é um projeto individual...

    em que você tenta construir
    uma história pra você.

    E uma história...

    que na minha cabeça
    é norteada...

    por valores da ordem moral...

    eu sou muito zeloso desse aspecto...

    vamos dizer assim,
    da condição humana...

    e acho que tem que ter...

    alguma ideia também de
    crescimento pessoal.

    O sentido da vida é a gente sair daqui
    80 anos depois da chegada...

    um pouquinho melhor do que entrou.

    Essa é o K2, a segunda maior
    montanha do mundo, mas é...

    a montanha mais difícil de todas,
    a gente considera...

    Só que aqui só está a parte
    superior do K2.

    Ele tem 8611 metros de altitude.

    Esses são os 600 metros finais.

    É gigantesca a montanha; ela
    é muito mais imponente...

    e muito mais difícil do que
    o próprio Everest.

    Em razão de muitas tragédias
    que acontecem no K2...

    o K2 é considerado
    a "Montanha da Morte".

    Em termos de número
    de êxitos e mortes...

    é a montanha em que há
    o maior índice de fatalidades.

    Então, é uma montanha muito
    difícil, perigosa, muito arriscada.

    Foram três tentativas e só na terceira
    que eu consegui chegar lá em cima.

    E eu prometi nunca
    mais voltar ao K2.

    É uma montanha muito bonita...

    é uma montanha
    que merece muito respeito.

    Mas é uma montanha muito difícil.

    E não foi possível.

    Não foi falta de técnica...

    não foi falta de condição nossa.

    Realmente nesse ano as
    condições do K2 estão extremas...

    estão muito difíceis.

    Nós conseguimos chegar...

    até 8000 metros de altitude...

    enfrentamos muita neve.

    Infelizmente, tivemos que desistir
    dessa escalada.

    A montanha.

    Eu precisei ir até a montanha
    para poder me encontrar...

    para poder me ver
    diante de um espelho.

    Você estar na montanha,
    desempenhando...

    um esforço físico intenso,
    muitas vezes correndo riscos...

    gera-se uma grande introspecção.

    Você começa a pensar
    em tudo na sua vida...

    naquele momento em
    que você está ali.

    É incrível como a minha
    cabeça viaja...

    nesses momentos em que
    estou na montanha.

    E aí você começa a se conhecer...

    começa a resolver problemas
    dentro de você...

    e ter forças pra encarar o mundo,
    encarar pessoas, encarar situações.

    Então, isso causa uma evolução.
    Eu percebo que eu melhoro...

    a partir do momento que vou para
    a montanha, e volto para a cidade.

    Já chegou gente aqui...
    "Mas cadê os teus troféus?"

    Eu não ganho um troféu...

    uma medalha por ter chegado no
    alto de uma montanha. Acho que...

    uma das maiores recompensas
    é aquela vista maravilhosa...

    porque aquela vista me traz um
    momento de contemplação.

    É naquele momento
    que eu me encontro.

    Naquele momento que eu faço
    minha comunhão com Deus.

    Um dos desafios do ser humano...

    é conhecer-se a si mesmo.

    Já Santo Agostinho coloca como...

    preocupação básica de
    toda a atividade dele...

    é responder:
    "Quem sou eu, finalmente?"

    O ser humano se faz
    ele mesmo a pergunta.

    E creio que é uma pergunta,
    no fundo, irrespondível.

    Porque o ser humano é
    um projeto infinito.

    Ele é um nó de relações voltado
    em todas as direções.

    Para dentro de si, para o outro...

    para a natureza,
    para o universo...

    para o absolutamente
    transcendente que é Deus.

    E ele se realiza na medida em
    que ele ativa essas relações.

    Por isso, quanto mais ele...

    ele se relaciona,
    mais ele se enriquece...

    e mais descobre possibilidades...

    dentro dele.

    Então, ele não é um
    sistema fechado...

    é um sistema aberto.

    Daí que toda pergunta...

    exige uma resposta.

    E essa resposta levanta
    uma nova pergunta.

    E assim nós vamos de
    perguntas em perguntas...

    de respostas em respostas...

    e no fundo nós não sabemos
    quem somos.

    Então, nós sempre
    estamos buscando.

    Encontramos espelhos de nós
    mesmos em todas as partes...

    e não nos identificamos
    com nenhum deles.

    Como os orientais expressam...

    a prisão é Maia, a ilusão.

    É eu não saber quem sou,
    de onde venho, pra onde vou.

    E como dizem os bons navegantes...

    "Nenhum vento é favorável...

    para aquele que não sabe
    onde quer chegar."

    E a liberdade...

    é precisamente a pessoa
    tomar consciência.

    E ser capaz de...

    de ser o autor da sua
    própria existência.

    Assumir a autoria da
    própria existência.

    Não é uma tarefa fácil...

    mas creio que é a nossa tarefa.

    E é isso que vai nos
    trazer a felicidade.

    E nesse momento,
    eu me sinto feliz.

    A minha matriz criativa...

    o meu modelo de universo...

    a minha compreensão
    do mundo...

    surgiu andando.

    Andando, andando...

    pelo agreste do cerrado...

    pelas caatingas, pelas florestas.

    Ali eu estabeleci o meu
    percurso na Terra...

    que é básico.
    É espalhar belezas.

    Fazer refletir.

    Provocar.

    Está aí.

    O resumo do meu trabalho
    basicamente é isso.

    O revelador acontece
    num momento...

    muito fugaz.

    Essa eu acho que é
    a experimentação...

    esse eu acho que é o encontro
    com Deus, com a beleza.

    É uma lembrança...

    que não importa se tem registro.

    Não importa a fotografia.

    É algo absolutamente pessoal.

    Tem que quebrar essa coisa de que
    você fotografa para os outros.

    Não, você fotografa pra si.

    Depois, você espalha.
    Entendeu?

    É sempre difícil a gente falar
    das qualidades da gente, né?

    Principalmente porque...

    geralmente quando
    você fala de você...

    aquilo não é exatamente você.

    Aquilo é o que você quer que
    as pessoas achem que é você.

    E é uma armadilha.

    Porque você...

    descobre a qualidade
    de uma pessoa...

    não é quando ela fala de si.

    É quando ela fala dos outros.

    Não é?

    Mas eu sei que você quer
    algo mais objetivo, você...

    pode estar pensando:
    "Ela está fugindo...

    da pergunta."

    Mas...

    acho que uma qualidade...

    que a gente deve cultivar...

    não é que eu a tenha...

    mas que eu almejo tê-la...

    é saber-me frágil.

    Saber-me incompleta.

    Saber-me faltosa.

    Dependente...

    desse outro que me sustenta,
    que me completa...

    que me acalma, e
    que me inquieta.

    Eu moro no sertão
    de Pernambuco...

    numa comunidade rural
    que se chama Jatiúca...

    que é um distrito de Santa
    Cruz da Baixa Verde.

    Na minha experiência foi isso, né?

    As mulheres silenciadas...

    pelos pais, pelos maridos,
    pelos irmãos...

    sem poder falar.

    Eu tive que, com elas,
    junto com elas...

    recuperar a autoestima.

    E o que é a importância
    da autoestima...

    na vida de uma pessoa,
    na vida de uma mulher...

    de uma mulher rural?

    Para mim, quando eu
    me quero bem...

    quando eu me respeito...

    quando eu sei que sou
    um ser importante...

    eu não permito que ninguém
    me desrespeite...

    que ninguém me bata, que
    ninguém me desvalorize.

    Pra chegar até as trabalhadoras...

    nós temos vários exercícios.

    E nos exercícios de corpo,
    quando a gente perguntava...

    "De quem é o seu corpo?"

    Elas diziam sempre:
    "É do meu marido, dos meus filhos."

    O corpo nunca era delas.

    Aí dava...

    chance, oportunidade pra gente
    começar a trabalhar...

    "O meu corpo é meu.

    Nem da igreja, nem do Estado,
    nem dos homens.

    Meu corpo é meu."

    Bom, vamos se cumprimentar
    novamente...

    sabendo da importância
    dos nossos corpos...

    que é com eles que a gente vive, que a
    gente anda, que a gente se cumprimenta.

    A gente sempre muda de par.

    Vamos se cumprimentar
    com os pés!

    Nossos pés lindos
    e maravilhosos que nos conduzem!

    Que nos levam pra roça,
    que com eles nós caminhamos...

    nossos lindos pés!

    Eu estava numa reunião...

    e tinha uma senhora.
    Devia ter 60 anos ou mais.

    E ela chorava, chorava, chorava.

    Aí eu não quis expor...

    e perguntar: "Por que você está
    chorando?", no meio de todo mundo.

    Procurei uma horinha
    reservada, de lanche...

    e aí perguntei a ela:
    "Por que você está chorando?"

    Ela disse: "Oh, Vanete...

    é porque você está dizendo
    tanta coisa linda...

    tanta coisa importante...

    e eu não vou mais conseguir
    mudar minha vida.

    É por isso que eu estou chorando.

    Eu sempre vivi com um marido
    que é machista...

    que acha que só ele sabe.

    Como é que vou mudar isso, depois
    que eu tenho filhos e netos?"

    Aí eu disse: "Não, não chore, não.
    Você pode, sim."

    "Mas posso o quê?"

    "Você pode contar sua experiência.

    Você pode dizer às outras...

    às jovens, às suas netas...

    que não é bom assim.

    Que elas podem mudar
    agora a vida delas.

    Você quer uma
    contribuição maior?"

    Ela ficou com uma cara linda!

    Quando alguém me pergunta:
    "Você mudaria algo em você?"

    Eu digo:
    "Sempre, claro, com alegria."

    Inclusive porque se há algo que me
    chateia, é quando alguém diz...

    depois de me encontrar,
    depois de um ano...

    "Cortella, você continua o mesmo."

    Você já imaginou? Num
    mundo de mudança...

    de alteração, de processo,
    eu ter ficado congelado?

    Se tem uma coisa que eu detesto,
    é a ideia de ter uma "vida formol"...

    em que eu congelo alguns cadáveres.
    Eu, pra usar uma frase antiga...

    não me envergonho
    dos homens que eu fui.

    Mas gosto de lembrar que
    eu já tive muitas vidas...

    que foram sendo feitas,
    refeitas e reinventadas.

    Ao contrário do que muita
    gente imagina...

    a gente não nasce pronto
    e vai se gastando.

    A gente nasce não pronto
    e vai se fazendo.

    Eu não nasci pronto em 1954
    e vim me gastando até hoje.

    Eu nasci não pronto
    e vim me fazendo.

    O que nasce pronto é fogão,
    sapato, geladeira.

    Esse, sim, vai envelhecendo.

    Então, eu quero, sim,
    mudar várias coisas.

    Quero mudar o meu
    senso estético.

    Quero ter uma ampliação da
    minha capacidade de ouvir...

    de enxergar, de fruir sabores.

    Quero ser capaz de mudar
    a minha conduta...

    em relação a algumas pessoas
    com as quais eu convivo...

    pra que ela fique melhor.
    Ainda bem!

    Você ser do mesmo modo...

    de uma maneira persistente,
    não é sinal de coerência.

    É sinal de tacanhice mental.

    Eu trabalho com cinema, ou seja,
    eu trabalho com a mentira...

    e ao mesmo tempo,
    com a pura verdade.

    E quando eu tinha 18 anos...

    eu participei do núcleo de
    CPT do Antunes Filho...

    o Centro de Pesquisa Teatral...

    e eu lembro que lá,
    tinha que...

    cada um recitar...

    uma pequena frase pra fazer
    vários exercícios de teatro.

    E uma frase que eu gostava
    de recitar, um poeminha...

    que é do Fernando Pessoa,
    que é:

    "O poeta é um fingidor. Ele
    finge tão completamente...

    que chega a fingir que é dor
    a dor que deveras sente."

    E...

    isso o tempo inteiro, assim,
    acho que porque eu trabalho...

    com o reinventar o mundo...

    mesmo num documentário você
    também está reinventando...

    você está colocando a sua visão...

    escolhendo quais são os
    trechos que vão ficar...

    o que não vai ficar,
    o que você esquece.

    Então, isso é um tema que
    o tempo inteiro volta.

    Eu lembro que eu tive uma crise...

    quando eu tava filmando
    o "Chega de Saudade".

    Na primeira semana,
    e é normal...

    na primeira semana, você ainda...
    "Que filme é esse?"

    Você está descobrindo a linguagem...

    descobrindo os atores,
    descobrindo a equipe...

    a engrenagem ainda não
    está funcionando.

    E eu lembro de manhã cedinho, 5h30...

    tendo que ir pro set de
    filmagem, e eu no hall...

    de casa, no elevador, eu empaquei.
    Não conseguia sair...

    e tive essa...

    essa crise existencial que era...

    "Por que eu escolhi uma profissão...

    que eu fico reinventando a vida?"

    "Quem sou eu pra dizer
    o que é a vida?"

    Uma profissão maluca...

    e não vejo sentido nisso.

    Acho que é mais importante eu
    viver a vida, de verdade...

    eu mesma viver as experiências...

    do que eu ficar dizendo
    como tem que ser.

    E aí o Luis, meu marido
    e roteirista...

    quando ele percebeu que eu
    ia engatar nisso, ele falou:

    "Está bom, OK. Tem uma van
    te esperando lá embaixo.

    Depois a gente continua a conversa."

    E ele cortou porque, naquele
    momento realmente...

    era um questionamento
    profundo, mesmo...

    do porquê tanto investimento
    para reinventar a verdade.

    Em toda obra de arte há
    um elemento de dor.

    A gente produz a beleza para
    lutar contra a tragédia.

    Aliás, essa é uma observação que
    Nietzsche faz no livro dele...

    As Origens da Tragédia Grega...

    a Partir do Espírito da Música.

    Os gregos...

    tinham um agudo senso do trágico.

    Eles não eram como os cristãos.
    Os cristãos sempre têm um final feliz...

    porque ainda que tudo
    aconteça de desgraça...

    você vai para o céu, e tudo vai
    ser feliz. Os gregos, não!

    Tragédia era tragédia.

    Ele então faz a pergunta...

    Se eles eram assim tão
    dominados pelo...

    espírito do trágico, por que
    eles não se matavam?

    A resposta que ele sugere...

    é eles não se matavam...

    porque eles cultivavam a beleza.

    A beleza permitia...

    que eles olhassem para a
    tragédia face à face.

    Eu sou autodidata.

    Aprendi sozinha a pintar.

    No meu caminhar, eu sempre
    tenho em vista...

    a evolução do meu espírito.
    Eu, como espírito.

    Não eu como a Tatiana hoje.

    Sim, eu sou a Tatiana, também.

    Então...

    esse é meu caminhar. E
    junto com a minha arte...

    a minha arte me ajuda
    muito com tudo isso...

    porque...

    é um autoconhecimento contínuo.

    Estou o tempo todo lidando
    comigo mesma...

    com coisas de dentro, então...

    isso ajuda muito.

    Eu nunca passo impune
    por um trabalho.

    A gente vira um canal.

    E recebe uma coisa que
    é... da humanidade.

    Que é da existência da vida.

    Você vai receber...

    a força de um vulcão muitas
    vezes dentro de você.

    Vai deixar que passe.

    A experiência que eu tenho
    quando eu trabalho é...

    a minha preparação também...

    é sempre de um esvaziamento
    no começo...

    abrir espaço...

    e o quanto eu dou conta...

    tecnicamente, é deixar que
    isso venha e me utilize.

    Em alguns trabalhos, eu sou
    mais feliz nesse exercício.

    Em alguns trabalhos, onde há
    mais tempo, onde há...

    sei lá, um ritual mais...

    mais cuidadoso, você
    consegue estar...

    você se esvazia plenamente, a coisa
    passa por você, e você...

    realmente se surpreende o tempo
    inteiro com o que está vindo.

    E isso é muito... eu acho...

    é onde o teu ego
    não vai interferir.

    E é muito legal,
    sinceramente.

    Por mais louca que seja a energia
    que for passar por você.

    É muito interessante.
    É você abrir o teu inconsciente.

    Aquilo que você experimenta no sonho,
    você experimenta na vida.

    Você experimenta na arte,
    experimenta na atuação.

    Essa liberdade, essa não repressão
    que existe no sonho, sabe?

    O palco te permite isso.
    Coisas que às vezes no cotidiano...

    você indo no mercado,
    ou conversando com pessoas...

    isso é mais difícil.

    Tanto o processo do ator,
    quanto o processo do palhaço...

    são processos profundos
    de autoconhecimento.

    Se você quiser vê-los assim.

    Você tem que visitar...

    profundamente...

    o teu amor se você
    quiser fazer Romeu.

    Se você não lida bem com
    o amor, meu irmão...

    você não vai fazer Romeu.

    Você não vai conseguir
    comunicar.

    Você não consegue comunicar
    o teu amor pra tua mulher!

    O circo é um espetáculo que
    desafia a lei da gravidade.

    As pessoas voam,
    se equilibram num fio...

    jogam sete... objetos para o ar.

    Fazem desaparecer e aparecer coisas.

    Corpos perfeitos.

    Por que o palhaço está ali?
    O palhaço é aquele que cai!

    O palhaço é aquele que erra.

    O palhaço está no espetáculo de circo
    para dizer: "Olha, tu é humano, tá?"

    "Tem lei da gravidade, tá?"

    O que faz o palhaço derrubar tudo?

    O que faz ele bater a cabeça na parede?
    O que faz ele cair no buraco?

    Porque... ser quem você é...

    então, eu sou aquilo lá.

    E ser o que os outros
    querem que eu seja.

    Aí eu estou indo para lá...
    porque eles querem...

    aí eu derrubo o microfone.

    Isso é o palhaço.

    Isso é a técnica da palhaçaria.

    Então, não, eu vou para lá
    porque lá está meu sonho...

    mas ali a coisa me chamou,
    aí eu derrubo a moça...

    eu derrubo o garçom.

    O erro.

    O erro é a nobre arte do palhaço.

    A imperfeição.

    A aceitação da sua inadequação.

    Eu sou inadequado, e agora?

    Vai deprimir...

    por causa disso, ou vai rir?

    É uma frase que eu li há algum
    tempo, que diz que às vezes...

    a gente está condenado a ser feliz.

    Eu gosto bastante dessa frase...

    acho que ela explica muita coisa.

    • O que é que ela explica?

    Quando, por exemplo...

    Eu não comecei a
    tocar piano cedo.

    E eu decidi que eu queria
    tocar piano...

    um pouco mais tarde...

    com 18 anos...

    que eu realmente queria ser pianista.

    E...

    quando eu percebi isso...

    eu não tinha outra escolha
    senão ser pianista.

    E, nesse sentido, senti que era
    quase uma condenação.

    Porque pra mim ainda
    era uma pergunta...

    "Será que eu vou realmente tocar
    piano? Saber tocar piano?"

    E eu percebi que se não tocasse,
    eu me sentiria muito triste.

    Então, pouco a pouco eu fui
    percebendo que era isso.

    Quero dizer...

    que às vezes a própria vida...

    te apresenta o desafio...

    e você não tem escolha se não
    encarar aquele desafio.

    Então é por isso.

    Se a felicidade tivesse
    um som, seria o silêncio.

    Mas, também...

    eu acho que a música de Bach...

    trechos da Nona Sinfonia...

    trechos de um Octeto de
    Cordas do Mendelssohn...

    trechos de manifestações populares...

    de diferentes lugares do mundo.

    Uma criança que nasce, né?

    São várias coisas.

    Felicidade para mim se
    resume à paz de espírito.

    Se você conseguir ter uma
    paz interior, você é feliz.

    Enquanto nós não temos
    essa paz interior...

    nós não somos felizes.

    A felicidade é você se
    sentir bem com você...

    e com as pessoas que
    estão ao seu redor.

    Simplesmente é isso, pra mim.

    E estar num lugar que você gosta.
    Eu gosto de estar...

    pra me sentir feliz, eu
    tenho que estar...

    no meio do mato, tenho que
    estar no meio da natureza.

    Muitas vezes, a felicidade...

    ela é uma sensação de estar
    no lugar certo, na hora certa.

    Esteja acontecendo o que
    está acontecendo.

    Ela é mais isso.

    É essa possibilidade de ser.

    Sem tentar manipular a vida.

    Sem tentar ir para ação...

    ir para o fazer...

    o tempo inteiro.

    Estar livre de um desejo de
    chegar a alguma coisa.

    Então, relaxar essa busca...

    básica de que falta alguma coisa.

    E nem eu sei o que é...

    ou então eu sei o que é,
    mas não consigo chegar.

    A minha felicidade depende também
    da felicidade de muita gente.

    Depende da felicidade
    do meu marido...

    da minha família,
    dos meus amigos.

    Eu acho que é muito difícil
    você ser feliz sem...

    comida, sem um abrigo...

    doente, sem ajuda...

    eu acho... bem difícil.

    Eu acho que um mínimo
    tem que ter.

    • Por que existem tantas visões
      diferentes de felicidade?

    Porque a felicidade é
    original pra cada um...

    porque nós somos originais.

    Nós somos únicos...

    ainda que iguais.

    E acho que a beleza...

    da condição humana...

    é essa possibilidade de você ser...

    completamente original
    e completamente igual.

    É um paradoxo.

    E é por isso que cada um
    vai dar uma resposta...

    diferente sobre felicidade.

    A vida...

    através da natureza, manifesta
    o tempo todo felicidade.

    Você vai perceber que as pessoas
    sempre estão mais felizes...

    quando buscam o sol...

    a praia, as águas da cachoeira...

    quando buscam se reunir em volta
    de um fogo numa lua cheia.

    Pulsa...

    uma determinada energia,
    uma determinada alegria.

    A felicidade não exige dinheiro.

    A felicidade não exige status...

    para se manifestar.

    A felicidade não exige oferendas.

    A felicidade não exige
    um curso de MBA.

    E ela não exige
    nenhuma formação.

    Só sintonia.

    Por isso, a minha resposta é óbvia.

    Felicidade é um estado de espírito.

    A felicidade eu acho
    que ela está...

    em tudo; ela está
    em toda parte.

    Eu gosto muito de pensar
    naquela imagem...

    do peixinho, nadando
    num vasto mar...

    e perguntando para
    um outro peixe...

    "Onde é que fica esse oceano que
    todo mundo fica falando?"

    Eu acho que a felicidade...

    em princípio, sim, ela é reconhecida
    como uma coisa que...

    que está dentro, né?

    Mas acho que ela está
    em tudo também.

    O nosso estado natural é
    um estado de felicidade.

    No entanto, a gente...
    ou seja, a vida...

    assim como nós a percebemos...

    a realidade, assim como
    nós a percebemos...

    cria uma série de fenômenos...

    E esses fenômenos é que
    nos impressionam...

    mais do que a felicidade.

    Então, nós somos pessoas que
    se impressionam muito mais...

    com os fenômenos que vão
    acontecendo à nossa volta...

    do que exatamente de perceber
    que a felicidade...

    nunca deixa de se oferecer
    a si mesma para nós.

    Então, se a gente tirasse...

    os véus dos fenômenos
    que nos circundam...

    eu acho que a gente viveria
    num campo de felicidade.

    Uma vez...

    eu estava na casa de campo que
    a gente tem em Petrópolis...

    e estava fazendo um
    exercício de relaxamento.

    Eu gosto muito de lá. A gente tem...

    uma piscina que é de água natural.
    A água entra de um lado e sai do outro...

    nunca levou uma dose de cloro,
    de nenhum aditivo químico.

    É quase um açudezinho,
    cavada na pedra...

    com água puríssima que entra
    de um lado e sai do outro.

    Eu gosto muito de ir para o
    gramado que tem em volta...

    para fazer exercícios
    respiratórios, meditação.

    E num desses exercícios
    respiratórios...

    pranayama,
    como chamam os hindus...

    eu tive a sensação de que estava
    dentro de mim, no fundo de mim...

    nessa parte que era pura luz...

    e que era absolutamente
    indiferente...

    às circunstâncias do
    mundo ao meu redor.

    Então, foi basicamente isso.
    Não foi uma...

    não foi algo que eu fui buscar...

    "Agora eu vou entrar em contato
    com o meu Eu Superior".

    Eu fui fazer um exercício
    que eu faço...

    quase todo dia, e principalmente
    quando estou lá em cima...

    que o ar é ainda mais puro do
    que o ar aqui da cidade...

    e fui surpreendido com essa...

    com essa epifania, com
    esse insight...

    momentâneo que ficou
    marcado pra sempre em mim.

    Eu acho que um dos
    momentos felizes...

    na minha vida, que eu
    me lembro bem...

    foi um momento de transcendência
    metafísica, vamos dizer assim...

    que é uma coisa que...
    "Puxa, cientista falando isso."

    Mas é verdade. Quando
    eu tinha 15 anos...

    o meu irmão mais velho me levou
    para a Ilha de Itacuruçá...

    para passear lá,
    ele vivia lá sempre...

    ele era meio riponga.

    Ele me levou para lá, e falou:
    "Fica aí sentado nessa pedra."

    Chamava Pedra da Baleia...

    que é um pedrão, um granito
    enorme de uns 5 metros...

    tinha uma escadinha
    para você subir.

    "Fica aí, pensa no mundo, medita
    e depois a gente conversa."

    E eu fiquei.
    Fiquei sentado naquela pedra...

    e tinha uma acácia em cima
    de mim, cheia de flores...

    e tinha aquele mar maravilhoso...

    e eu vi um cardume de
    robalos pulando, sabe?

    E naquele momento, eu percebi
    que eu não era mais eu...

    eu era tudo aquilo...

    e foi um momento muito...

    muito espiritual para mim.

    E eu senti...

    me senti parte de uma
    coisa muito maior.

    E talvez tenha sido aquele
    momento na minha vida...

    em que eu tenha entendido
    que a minha busca...

    era uma busca por entender
    esse mundo.

    Eu me considero feliz...

    e sou extremamente inquieto.

    E curiosamente, quando
    eu entro na mata...

    às vezes eu fico
    completamente...

    em transe...

    às vezes, eu fico
    completamente...

    em silêncio...

    Eu tenho muitos
    momentos de felicidade.

    Obviamente que,
    se a gente fosse...

    o tempo todo feliz, a gente nem
    saberia o que é felicidade.

    E talvez nem valorizasse
    tanto esses momentos.

    Eu tenho cinco netas...

    e agora nasceu um neto.

    Eu, com aquela criança
    de 7 meses nos braços...

    tão sorridente...

    aquilo me dá uma felicidade
    tão grande.

    E...

    meu filho comentando
    essa felicidade...

    disse que a felicidade era tão
    grande que ele tinha medo.

    E eu disse:
    "Eu também sinto medo."

    Porque quando a felicidade
    é demais...

    a gente sempre tem medo de que
    alguma coisa possa acontecer.

    Ainda que pareça paradoxal...

    realmente o ser humano
    morre de medo da felicidade.

    É como se uma iminência de tragédia
    chegasse perto de nós...

    cada vez que nos sentimos
    muito felizes.

    O medo da felicidade é um medo,
    evidentemente, de perder a felicidade...

    mas parece que a chance de que
    isso aconteça aumenta muito...

    justamente quando
    a gente está muito feliz.

    Todas as tradições religiosas
    falam isto...

    "Tem que atravessar
    a noite escura, o grande deserto."

    Uma vez eu subi o Monte Fuji,
    que é um vulcão, né?

    É uma coisa maravilhosa. Você
    começa a subir a montanha...

    e ela é linda.

    Então, tem flores, tem verdinho...

    e aos pouquinhos vai acabando
    a vegetação...

    e ela vai ficando cada vez
    mais íngreme e mais difícil.

    A prática da vida espiritual é assim...

    e muitas pessoas só
    querem o verdinho.

    A beira da montanha ali embaixo
    é bonito, é gostosinho.

    "Ah, eu já vi!"

    Você sobe a primeira plataforma,
    você tem uma pequena visão...

    de si, do mundo, da vida...

    de um pontinho um pouco mais
    alto, e diz: "Já está bom".

    Porque mais para lá, aí vai cansar.

    Isso é suficiente? É, para
    muitas pessoas...

    que bom, teve uma pequena visão.

    Mas há outros que não se
    contentam com isto.

    Eu quero ter a visão maior, então
    vou ter que fazer esse esforço maior.

    • Muito legal esse final.
      Esse final está legal.

    Acredito mesmo que as
    grandes descobertas...

    do homem para com ele
    mesmo não precisam...

    não precisam de um...

    de um grande telescópio,
    de um grande microscópio...

    ou de uma caverna
    numa montanha...

    pra ele se encontrar
    com ele mesmo.

    Deve ser mais corriqueira
    essa procura.

    Se a gente vivesse...

    numa sociedade com uma educação
    em que isso fosse estimulado...

    era mais fácil de todos
    nós conseguirmos isso.

    Momento mágico!

    Por fora e por dentro.

    Por fora e por dentro.

    Muito bom.

    Eu tomei três tiros
    no mesmo braço...

    e isso lesionou ele,
    mas não foi...

    neurologicamente...

    foi muscular. Foi uma
    lesão muscular.

    Agora...

    eu tive um pulmão perfurado,
    e tive...

    balas que...

    afetaram a minha coluna.

    Elas não chegaram a...

    a machucar diretamente, mas...

    só o calor e a vibração
    já lesionam.

    Então eu fiquei...

    a minha lesão foi T4...

    uma lesão mais ou menos
    nessa altura aqui...

    depois ela desceu, depois
    de um período de...

    de choque medular, como eles
    chamam, a lesão desceu bastante.

    Eu não ando e...

    por não ter seccionado
    a medula direto...

    eu também sinto muitas dores.

    Durante uns bons sete
    anos da minha vida...

    eu não tinha planos, eu
    ganhava um dia de cada vez.

    Eu pensava em...

    em ter...

    em acordar e até a hora de dormir...

    preservar um pouco de equilíbrio...

    só por aquele dia.

    Tem uma frase do Gandhi
    que diz que...

    a nossa raiva contida é
    capaz de mover o mundo.

    Eu acho que...

    quando eu falo dessa raiva,
    é você pegar...

    aqueles sentimentos que não
    são tão nobres seus...

    e canalizar.

    Usar aquilo...

    fazer um moinho de vento
    com aquilo...

    pegar aquela tempestade interna
    e gerar um outro tipo de energia.

    Para mim, o grande catalisador
    não é a dor.

    É a crise.

    Porque a crise acrisola,
    a crise purifica.

    A crise...

    desfaz todas as gangas.

    Tudo aquilo que não é substancial
    cai e fica só a substância.

    E nisso, vai junto dor,
    vai junto decepção.

    Então, a dor...

    ela está a serviço...

    ou ela está dentro de um
    complexo muito mais vasto.

    A dúvida, a crise...

    e mesmo uma depressão,
    até um certo ponto...

    ela é bem-vinda por provocar uma
    reflexão, por assumir "Não sei."

    "Tenho dúvida...

    o que eu tenho aqui
    não me serve mais."

    "Para onde eu vou? Não sei!"

    Então, tenho que pesquisar,
    tenho que experimentar...

    até... "Ah! OK.
    Agora é por aqui."

    A vida é claros e escuros, né?

    Quem, por exemplo...

    tem pânico de trovão,
    sofre com a chuva.

    Mas se cabe o trovão...

    a chuva está tudo OK, né?

    E se você está fora da cidade, no campo,
    a chuva é muito bem-vinda.

    Então...

    sempre vai depender.

    A tristeza é uma emoção
    natural e importante...

    porque ela nos ajuda
    a vivenciar o luto...

    a deixar morrer.

    Pra poder renascer.
    O problema é que todo mundo...

    quer renascer, mas ninguém
    quer morrer.

    Acho que todos os sentimentos
    estão aí pra você passar por eles.

    Está triste, fica triste, chora.

    "Cara, estou triste." "Está triste
    por quê?" "Estou triste por isso."

    "Espera aí que eu vou chorar
    um pouquinho."

    Chorou, passou?

    "Vamos sair, vamos
    tomar um chope...

    vamos ficar alegre?" "Vamos."

    Eu acho que tem muita...

    acho que tem muita glamorização...

    desses lugares de emoção.

    É tudo temporário.

    Veja, as emoções em nós,
    elas são muito rápidas.

    São instantâneas. São como...

    O resto é memória.

    E a gente fica chamando
    essa memória.

    E nós adoramos chamar a memória,
    principalmente coisas desagradáveis.

    É aquela história que eu gosto muito
    dos dois monges atravessando o rio...

    e um deles ajuda uma
    jovem a atravessar...

    e os monges faziam votos de
    não tocar em mulheres, né?

    E um deles, uma hora depois,
    bravo...

    "Você carregou aquela moça!"

    "É, mas eu deixei ela lá.

    E você continua carregando."

    Às vezes nós temos problemas,
    dificuldades. Abra mão.

    É difícil esse "abrir mão".

    Mas isso é um dos
    ensinamentos principais.

    Quando a gente abre as mãos,
    nela cabe todo o universo.

    Quando nós seguramos alguma coisa,
    nós nos limitamos.

    E às vezes nós seguramos...

    a dor, o sofrimento.

    "Eu sofro. Eu sofro
    mais do que você.

    Você não entende a minha dor."
    Como não?

    O sofrimento não alcança apenas...

    os maus, os perversos...

    O sofrimento alcança os bons.

    Então, aproveite o sofrimento e
    veja a lição que ele vem trazer.

    Isso que nós estamos
    fazendo agora é Yoga.

    Procurando ter uma visão...

    mais verdadeira,
    mais bela...

    das coisas.

    • Você já falou um pouco sobre isso...

    mas eu gostaria que você comentasse
    essa frase...

    de que a vida é muito curta
    pra ser pequena.

    Pois é, um dia, Benjamin Disraeli...

    que foi um grande político e
    pensador do século XIX...

    no mundo britânico, aliás foi
    Primeiro-Ministro da Rainha Vitória...

    Benjamin Disraeli disse essa frase:
    "A vida é muito curta para ser pequena".

    Já basta que a vida curta seja...

    pra que a gente
    consiga apequená-la.

    E o que é apequenar a vida?

    É ter uma vida que seja
    superficial, banal, fútil...

    uma vida que antes de tudo seja...

    pequena, isto é, diminuta.

    Vida é algo pra engrandecer a mim
    e aqueles que estão à minha volta.

    Desse ponto de vista,
    eu sempre digo...

    quando eu partir, e eu partirei...

    eu sou mortal; nós somos o
    único animal que é mortal.

    Todos os outros animais são imortais.

    Porque embora todos morram, nós
    somos o único que além de morrer...

    sabe que vai morrer.

    Teu cachorro está dormindo
    sossegado nessa hora...

    teu gato está tranquilo.

    Você e eu sabemos
    que vamos morrer.

    Desse ponto de vista...

    não é a morte que me importa,
    porque ela é um fato.

    O que importa é o que faço
    da minha vida...

    enquanto a morte não acontece...

    pra que essa vida não seja banal,
    superficial, fútil, pequena?

    Nesta hora, preciso ser
    capaz de fazer falta.

    No dia que eu me for, e eu
    me vou, quero fazer falta.

    Fazer falta não significa ser famoso.

    Significa ser importante.

    Há uma diferença entre ser
    famoso e importante.

    Muita gente não é famosa e
    é absolutamente importante.

    Importar:
    quando alguém me leva pra dentro.

    Importa.
    Ele me porta para dentro.

    Ele me carrega.
    Eu quero ser importante.

    Por isso, pra ser importante,
    eu preciso não ter uma vida...

    que seja pequena.

    E uma vida se torna pequena
    quando ela é uma vida...

    que é apoiada só em si mesma...
    fechada em si.

    Eu preciso trans-bordar.

    Ir além da minha borda.

    Preciso me comunicar.

    Preciso me juntar.
    Preciso me repartir.

    Nesta hora, minha vida,
    que, sem dúvida...

    é curta, eu desejo que
    ela não seja pequena.

    Acho que o sofrimento
    maior do ser humano...

    se deve ao fato...

    de que ele nasce sem
    manual de instruções.

    Por não saber como ele mesmo
    funciona, ele sofre.

    A causa do sofrimento, a
    causa do mal, é a ignorância.

    Então, nada pode ser
    mais importante...

    do que algo que nos
    liberte do sofrimento.

    Sem o autoconhecimento como é
    que nós vamos nos libertar...

    se nós causamos o nosso
    próprio sofrimento por ignorância?

    Erasmo Silveira Neto é o
    meu nome verdadeiro...

    que é o nome de nascença.

    E é um menino... que ficou...

    que está guardado
    dentro do meu coração.

    Bem-criado.

    Um menino que teve estudo.

    Um menino que teve carinho
    da família inteira.

    É um menino muito feliz.

    Então, é por isso que a Greta
    tem bastante saudade disso.

    A minha família reagiu com
    muita mágoa, com dor...

    uns se sentiram traídos...

    e eu, pra não machucá-los...

    eu mesma abandonei a minha casa.

    Fui morar na casa de amigos,
    em diferentes lugares.

    Em lugares bons e lugares
    ruins eu estive.

    Depois de algum tempo eu soube
    que a minha irmã me procurava...

    a minha família me procurava,
    meu padrinho me procurava.

    Depois de um certo momento...

    eu achei que deveria enfrentá-los.
    Retornei...

    e aí as coisas ficaram mais...

    calmas.

    Mas é engraçado que nunca
    nos sentamos...

    para resolver isso.

    Só voltei...

    e minha mãe e meu pai me receberam...

    e ficamos sentados
    os três no sofá...

    sem trocar uma palavra.

    Só perguntei se eu podia ficar.

    Pronto. E fiquei.

    Para mim, o autoconhecimento
    foi um processo libertador.

    E, na verdade, ele até continua.

    Eu não consigo, mesmo com os
    55 anos que eu tenho hoje...

    eu não consigo me situar
    de transexual...

    de travesti ou de homossexual.

    É uma pergunta que
    quando me fazem...

    eu nunca sei responder.

    A única coisa que sei dizer é
    que eu sou um ser humano...

    e eu me sinto super normal...

    na minha visão, e sei que não é
    normal na visão...

    de outras pessoas, isso eu sei.
    Tenho conhecimento disso...

    pelo preconceito, pelas
    coisas que a gente...

    as barreiras e obstáculos que a gente
    encontrou no meio disso tudo.

    Mas eu mesma não me classifico.

    Desde que eu me conheço
    por gente...

    a minha questão sempre foi...

    desvendar os mistérios do universo.

    Eu ainda era uma criança,
    com sete anos...

    e eu perguntava:
    "Mãe, quem foi que fez o mundo?"

    "Foi Deus."
    "Mas quem foi que fez Deus?"

    "Não pensa nisso que você fica louco."

    Isso aguçou minha curiosidade.

    Eu entendi que esse era
    o objetivo da minha vida.

    Eu sou apaixonado pelo não saber.

    Pra mim, a dúvida é
    uma coisa muito legal.

    "Você não acha que a gente
    precisa saber tudo?"

    Não, a gente não precisa saber tudo.

    Eu acho que a gente precisa saber.

    E a gente precisa saber
    cada vez mais.

    O que importa, na verdade,
    é o querer saber...

    e não o responder tudo. Essa
    diferença pra mim é essencial.

    A frase na entrada do
    Oráculo de Delfos...

    era: "Homem, conhece-te
    a ti mesmo."

    E todas as grandes
    tradições falam que...

    o mais importante de tudo
    é você saber...

    quem você é, você se conhecer
    cada vez melhor.

    A gente fala isso: "Como posso fazer
    com que o maior número de seres...

    entre no caminho, na verdade?"

    E ao mesmo tempo...

    quanto mais você quiser empurrar
    alguém pela porta...

    mais essa pessoa se afasta.

    Então, na verdade, a gente
    não pode fazer nada.

    A gente acha que está fazendo,
    e isso é o falso eu, né?

    Não há nada que você possa fazer.
    Você pode apenas apontar.

    "Existe uma porta.
    Existe um caminho."

    Mas cada pessoa tem que trilhá-lo.

    As pessoas estão esperando por
    uma estação para serem felizes.

    Quando eu crescer, quando eu
    me formar, quando eu me casar.

    Quando eu tiver filhos,
    quando eu tiver dinheiro...

    quando eu tiver um patrimônio,
    quando eu tiver saúde.

    Então, as pessoas estão
    sempre transferindo...

    a felicidade para uma próxima estação.
    E por isso, não são felizes.

    Esse ditado eu acho
    muito acertado.

    Não é uma estação; é
    uma maneira de viajar.

    Eu acho que a gente tem
    que pensar no caminho.

    Eu... comecei a pensar...

    que era possível ser feliz
    na cadeira de rodas...

    quando eu pensei não em chegar...

    a ser feliz. Mas...

    quando eu vi que ser feliz
    é justamente...

    não abrir mão do caminho até lá...

    do caminho até a felicidade.

    Se vou chegar,
    não sei, mas...

    eu finalmente tenho
    o meu caminho.

    E esse meu caminho é melhor
    do que ficar parado.

    A satisfação não está apenas em
    chegar no alto da montanha.

    O aprendizado, o conhecimento
    você adquire justamente...

    em olhar pros lados nessa escalada.

    E você...

    ter a percepção de que a escalada
    não é o topo da montanha, mas sim...

    esse caminho até o alto da montanha.

    O movimento da vida é o
    da eterna despedida, né?

    É sair do útero...

    pra caminhar com as próprias
    pernas, literalmente.

    E eu lembro que a nossa filha,
    ela tinha uns dois anos de idade...

    começando a andar...

    e eu dei de presente pra
    ela uma mochilinha...

    e o Luis falou...

    "Uma mochila, Laís? Já?"

    Que é o símbolo do...

    dos mochileiros que
    vão por aí, né?

    "Mas com dois anos é muito
    cedo uma mochila!"

    Mas é isso; a vida é
    uma eterna mochila.

    Pega a tua mochila, e vai!

    A minha grande pergunta...

    é "o que nos espera do outro lado?"

    Quando eu fechar os olhos,
    o que vou ver?

    Qual é o rosto de Deus?

    E...

    finalmente...

    quem é esse mistério?

    Para mim, é a pergunta
    que me persegue...

    dia e noite.

    Qual é a minha essência?
    Quem sou eu?

    Essa é a grande pergunta.

    Duvido que haja alguma maior...

    porque todas as outras
    giram em torno dela.

    Suponhamos que fosse "quem
    é Deus?", mas no fim...

    quem sabe as duas são a mesma?

    Quem sabe a essência
    do ser é Deus?

    Quem sou eu?

    Quem sou eu?

Entre ou Registre-se para fazer um comentário.