Henrique Dias Brasileiro da Ordem de Cristo


Negro, brasileiro e português, Henrique Dias foi um dos arquitectos da insurreição pernambucana, a revolta que libertou o Brasil do jugo holandês. Existe a respeito do seu nascimento controvérsia forte e, até à data, nunca afrouxada. Há entre os estudiosos quem defenda ter Dias nascido livre; outros imaginam-no nascido de pais escravos, hipótese que o daria alcançando a libertação por mérito pessoal. Fosse como fosse, Dias mostrou-se português exemplar, chefe político de grande inteligência e caudilho militar de enorme bravura, a ele se devendo, em não pequena medida, a libertação do Brasil.

Em 1645, cinco anos após a Restauração da Independência, foi Dias quem, aliado a outros líderes brasileiros, deu início à revolução anti-holandesa que sacudiu o Brasil. A Metrópole apoiou do início a insurreição, embora com as cautelas que a situação diplomática internacional lhe recomendava. Lisboa não se encontrava, à data, formalmente em hostilidades com as Províncias Unidas; com efeito, Portugal e a Holanda colaboravam na Europa contra o perigo espanhol, que ameaçava a independência de ambos, enquanto se combatiam brutalmente pelo controlo da Ásia, da África e das Américas. Dias sabia-o e a sua revolução, que logo se transformou numa verdadeira guerra sagrada à presença holandesa no Brasil, fez-se caricatamente, com Lisboa a jurar não ter envolvimento na guerra que travava com a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.

Em contexto internacional incerto, foi Dias o espírito animador da empresa de libertação. Organizou os portugueses - negros e índios, assim como brancos colonos e reinóis - em força de guerrilha, fê-los o terror da tropa holandesa e liderou nos Guararapes o "Terço de Homens Pretos e Mulatos", regimento integralmente constituído e chefiado por portugueses de origem africana. Pelos muitos serviços que prestou à coroa, soube o Rei recompensá-lo com generosidade: Henrique Dias foi feito fidalgo e armado cavaleiro da Ordem de Cristo, sendo-lhe concedido o uso do título honorífico de "Dom" a si e seus descendentes. Assim era Portugal quatrocentos anos antes de Rosa Parks e Luther King.

RPB

Comentários

  • História muito interessante, continua colocando coisa assim moço!

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