Supera Areeiro - o fim trágico da piscina do Areeiro
No lugar da icónica e histórica piscina do Areeiro, podemos hoje encontrar a tal piscina Supera Areeiro(empresa galega Sidecu), para quem não saiba, a obra anterior era uma obra de arquitectura importante, já bem integrada na memória das gentes daquela zona lisboeta, mas em linha com a falta de sensibilidade dos autarcas desta bela cidade seguiu a demolição em prol de um projecto de uma empresa estrangeira que sem exigência ou condições para preservar pelo menos parte do edifício ou características arquitectónicas consegue não só ganhar o concurso para a construção do novo espaço como também para apagar uma marca histórica da nossa amada cidade. Como conseguiram fazer isso? As opiniões variam, mas têm em comum temas preocupantes acerca de como o nosso país é gerido por gente sem escrúpulos ou respeito pela nossa cultura e história.
Por incrível que pareça ouve no entanto uma alegação, em que o António Carlos Monteiro, vereador da CML pelo CDS-PP, questionou a volumetria do novo projecto, afirmando não ter dúvidas sobre ser susceptível de violar o Plano Director Municipal, uma vez que ocupa o terreno adjacente, o chamado logradouro! O logradouro! Palavras pare quê?
...projectada pelo arquitecto Alberto José Pessoa, que desde 1938 fazia parte da equipa encarregada de projectar o Bairro de Alvalade. Foi inaugurada no ano de 1966 pelo então Chefe de Estado, Américo Tomás.
Tem 25 metros de comprimento e seis pistas. Dispõe de bancadas na ala esquerda longitudinal da piscina, com capacidade para mais de 300 pessoas. Durante décadas, foi a única piscina permanentemente coberta e com bancadas para o público em Portugal, apta para competições de toda a ordem, passando por festivais, campeonatos regionais, nacionais e até competições internacionais. Durante perto de 30 anos, várias gerações de nadadores foram ali consagrados campeões, alguns tendo até no seu currículo, participações olímpicas, constituindo um símbolo desportivo tão importante como é o Estádio Nacional para o atletismo e para o futebol. Foi usada em 1994 como cenário do filme A Comédia de Deus, de João César Monteiro, para a filmagem de uma prova de natação de 50 metros livres.
Estado actual e valor patrimonial
Em 2006 a piscina foi fechada, apresentando-se nos anos seguintes em avançado estado de degradação e ameaçada de demolição total. A piscina deixou de ter água, e ficou recheada de grafittis e sem paredes e janelas que a protejam dos elementos. Por esse motivo foi utilizada para um espectáculo de teatro intitulado "Learning to Swim", da responsabilidade do Teatro Maria Matos, que estreou a 24 de Junho de 2010. O cenário foi sugerido pelo director artístico do Maria Matos, Mark Deputter. Segundo Paula Diogo, co-autora da peça e uma das suas intérpretes, o espaço foi escolhido por ser “a metáfora perfeita para a ideia de falha que está subjacente ao facto de não se saber nadar, porque é um espaço que perdeu a sua função original”.
Em 2006, quando a autarquia anunciou o abate desta e mais duas piscinas municipais (Olivais e Campo Grande), várias vozes levantaram-se contra essa decisão, entre as quais Helena Roseta, à época presidente da Ordem dos Arquitectos, que escreveu ao então presidente da câmara, Carmona Rodrigues, alertando para a importância destas obras arquitectónicas. Segundo Helena Roseta esta piscina insere-se num contexto de piscinas de "referência para os arquitectos e para as populações", como a do Campo Grande, de Francisco Keil do Amaral e a dos Olivais, de Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes. Segundo a mesma arquitecta, todas estas piscinas "foram executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que revelam a destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de 60."
Helena Roseta, em 2011, como vereadora por Lisboa, deixou de criticar a demolição, dadas as condições financeiras do município.
Em 2008 os vereadores eleitos pelo movimento Cidadãos por Lisboa (CPL) pediram que esta piscina, assim como a dos Olivais e Campo Grande, fizesse parte do inventário municipal do património para posterior reabilitação, respeitando os projectos originais. Os vereadores destacaram que esta e as outras piscinas são «obras de consagrados arquitectos do século XX», nomeadamente Alberto José Pessoa (Areeiro), Francisco Keil do Amaral (Campo Grande), e Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes (Olivais). Em 2009 o edifício encontrava-se catalogado nesse inventário.
pt.wikipedia.org/wiki/Piscina_do_Areeiro
Comentários
Bem vindo! A lendária piscina do Areeiro, da última vez que vi aquilo estava já muito delapidada, pena de facto ver a tal da Supera Areeiro a tomar lugar de um edifício que fazia já parte do tecido da cidade.
Dos meus 18 aos 20 anos, 3 vezes por semana ia treinar nessa piscina. Umas professoras impecáveis que me inscreviam nos jogos da cidade e queriam que eu competisse. Mas a competição era aos domingos de manha e incompatível com a minha actividade de Sabado a Noite! Assim se perdeu mais um atleta e agora nem nadar se pode. Mas nao ha problema porque existe um jogo na playstation que simula a natação e muito mais coisas.. kkkk
Nao resido em Portugal, mas muito triste ver o meu pais neste estado de incompetência de gestao publica.