Heroi mundial sem duvida! Mas neste mundo prende-se os justos e premeia-se os vigaristas, seja no futebol, politica, banca, ministerios governamentais e ate nas pequenas associacoes, tudo joguinhos de corrupcao.
Herói ou vilão? Afinal quem é Rui Pinto?
Rui Pinto herói ou vilão? Depende...
Teremos mesmo de decidir se Rui Pinto é herói ou vilão? O dilema que ele nos coloca é sério. É o de continuar a acreditar nas instituições como as conhecemos, sobretudo a judicial.
Catarina Carvalho
Élegítimo andar à pesca de informações no ciberespaço mesmo sem ter ao certo um alvo? Pode um hacker obter informações em barda sem ter qualquer suspeita e ir apanhando o que encontra? Pode fazê-lo mesmo que haja qualquer motivação para que o faça, pessoal e socialmente falando? E o que fará depois com essas informações? Guardá-las-á? Usá-las-á na imprensa? Entregá-las-á às autoridades?
Todas estas perguntas estão a ser levantadas no complicadíssimo caso de Rui Pinto, o hacker português que atingiu os píncaros do whistleblowing (denúncia) com a sua participação no Football Leaks, escândalo mundial sobre corrupção no mundo do desporto. Detido preventivamente em Portugal depois de ter sido extraditado da Hungria, este jovem pálido de cabelos em pé talvez seja muito mais importante do que parece. Até para a sociedade como a conhecemos.
Como hacker, ele não é o herói óbvio. Talvez não fosse nunca, tendo em conta a sua atividade. Mas podia ter garantido essa aura, como acontece com tantos denunciantes. Isso não aconteceu, em parte, pela área em que atuou. O futebol queima - e ter beneficiado com a sua ação uma fação desportiva também não ajudou. Rui Pinto permaneceu uma figura estranha, não consensual, polémica. Além disso, há também a suspeita de que terá participado numa tentativa de extorsão (que ele não nega totalmente, embora não lhe dê a importância que as autoridades que o detiveram deram).
Recentemente, soube-se que Rui Pinto não se limitou a entrar em computadores ligados ao processo Football Leaks, mas que andou a pescar a toda a linha. Terá invadido e-mails, espiado mensagens e discos em várias instituições, nomeadamente do Ministério Público (DCIAP, DIAP), de procuradores importantes, do Ministério da Administração Interna, de magistrados.
Porque o fez? Porque podia. De um lado, contou com a sua sabedoria, do outro, com a fragilidade dos sistemas que encontrou. E o que fez com a informação encontrada? Nada. Até ao momento da detenção, guardou-a. Portanto, não se sabe o que pretendia fazer nem com quem queria trabalhar - jornalistas ou autoridades. Nem tão-pouco o que estaria dentro desses e-mails que pudesse provar alguma irregularidade. Até agora, segundo as autoridades, não tem colaborado para abrir essa informação - que está encriptada - nem para explicar como seria importante.
Teremos mesmo de decidir se Rui Pinto é herói ou vilão? O dilema que ele nos coloca é sério. É o de continuarmos a acreditar nas instituições como as conhecemos, sobretudo a judicial. Ou acharmos que já nada vale a pena. É o de considerarmos que podemos combater a podridão de dentro do sistema - ou se, porque ela atingiu o próprio sistema, temos de o fazer de fora, com meios menos ortodoxos e mais revolucionários.
Num certo sentido, nunca houve um tempo mais complexo para estas questões serem levantadas - quando a tecnologia permite tudo e a ética é uma questão opcional. Precisamente, o risco de tudo isto é que é discricionário. Quando não há leis, ou melhor, quando se ultrapassam as leis, também não há proteção possível. Para começar, a proteção da privacidade.
Normalmente os whistleblowers, ou denunciantes, trabalham à margem da lei até lhe entregarem os seus resultados, deixando-a, depois, atuar. Rui Pinto está a ir um pouco mais longe do que isso, pondo em causa o sistema, tendo os seus advogados falado até de "assédio judicial". O seu lugar para a história dependerá das suas próximas atitudes. E também, é certo, das de quem o investiga. No resultado deste processo estaremos a jogar uma parte do futuro do nosso sistema.
O que as pessoas não parecem perceber é o que de facto os hackers argumentam não é querer ser “despenalisados” nem tão pouco que tenham “pena” deles, que sejam considerados “heróis” etc. ad nauseum! O que os hackers procuram é justiça proporcional ás leis que quebram, nenhum hacker se considera “inocente” nem tão pouco promovem as actividades ilegais que proporcionam as “leaks”, considerem apenas que um hacker pode estar sujeito a 65 na prisão por intrusão num sistema informático em alguns países/jurisdições, mesmo que não lucre com o crime ou o motivo esteja isento de motivações egoístas ou de má fé. A questão das “Leaks” parece assustar os legisladores mais do que crimes como roubos etc.(para não falar de coisas bem mais deploráveis e nojentas), mas vamos ver que as “leaks” não são um apelo nem propaganda á anarquia, são antes uma acção que visa a justiça social(e poética nalguns casos).
Muitos hackers consideram as “leaks” como dever social, e são poucos os que discordam com punições aplicáveis por acções que violem leis e estatutos correspondentes, os castigos é que são os pontos de discórdia, fazia muito mais sentido pôr as pessoas a pagar a sua dívida á sociedade com serviço comunitário do que lhes destruir as perspectivas de trabalho com sentenças desproporcionais ao estrago causado, reparem que muitos destes “hackers” são pessoas muito jovens.
Reparem bem no consistem as tais “leaks” e quem devia ir a tribunal primeiro, os hackers ou a canalha toda que está contida nas leaks, que roubaram o país e o dinheiro de tanta gente, violando tantas leis sem nunca terem respondido pelos seus crimes nem tão pouco serem sentenciados pelos mesmos. Resta a pergunta, se a perseguição que fazem aos hackers não é medo de uma revolução popular da parte do sistema...
Pois, não vêm a relação dessa situação análoga aquela repressão de recreio em se cria o estigma de denunciar o bully? Os hackers “chibam-se” e o sistema protege os bullies em vez de punir a ilegalidade mais evidente e danosa para a sociedade.
@neant concordo contigo, ponham essa sacanagem toda na prisão e ponham os hackers a limpar matas ou praias, parece-me bem mais justo, quem merece os tais 65 anos na prisão são essa cambada de cabrões e cabras que lesam o estado, roubam do povo e fazem pouco dos pobres(para não falar que os roubam descaradamente).
Nesta sociedade os denunciantes sao criminosos. Os corruptos politicos, dirigentes desportivos, banqueiros, enfim a mafia do constume recebem pensoes pela gatunagem. Sociedade com valores invertidos, dirigida por cobardes nunca sera uma sociedade saudavel. Deus ajude o Rui porque tem coragem. David e Golias.
Comentários
Criou o Football Leaks e expôs toda a corrupção no mundo do futebol, mas também criou o Luanda Leaks e a promiscuidades corrupta entre Angola e Portugal.
https://euronews.com/2020/01/27/luanda-leaks-who-is-rui-pinto-the-portuguese-hacker-behind-the-leak
Heroi mundial sem duvida! Mas neste mundo prende-se os justos e premeia-se os vigaristas, seja no futebol, politica, banca, ministerios governamentais e ate nas pequenas associacoes, tudo joguinhos de corrupcao.
Herói ou vilão? Afinal quem é Rui Pinto?
Rui Pinto herói ou vilão? Depende...
Teremos mesmo de decidir se Rui Pinto é herói ou vilão? O dilema que ele nos coloca é sério. É o de continuar a acreditar nas instituições como as conhecemos, sobretudo a judicial.
Catarina Carvalho
Élegítimo andar à pesca de informações no ciberespaço mesmo sem ter ao certo um alvo? Pode um hacker obter informações em barda sem ter qualquer suspeita e ir apanhando o que encontra? Pode fazê-lo mesmo que haja qualquer motivação para que o faça, pessoal e socialmente falando? E o que fará depois com essas informações? Guardá-las-á? Usá-las-á na imprensa? Entregá-las-á às autoridades?
Todas estas perguntas estão a ser levantadas no complicadíssimo caso de Rui Pinto, o hacker português que atingiu os píncaros do whistleblowing (denúncia) com a sua participação no Football Leaks, escândalo mundial sobre corrupção no mundo do desporto. Detido preventivamente em Portugal depois de ter sido extraditado da Hungria, este jovem pálido de cabelos em pé talvez seja muito mais importante do que parece. Até para a sociedade como a conhecemos.
Como hacker, ele não é o herói óbvio. Talvez não fosse nunca, tendo em conta a sua atividade. Mas podia ter garantido essa aura, como acontece com tantos denunciantes. Isso não aconteceu, em parte, pela área em que atuou. O futebol queima - e ter beneficiado com a sua ação uma fação desportiva também não ajudou. Rui Pinto permaneceu uma figura estranha, não consensual, polémica. Além disso, há também a suspeita de que terá participado numa tentativa de extorsão (que ele não nega totalmente, embora não lhe dê a importância que as autoridades que o detiveram deram).
Recentemente, soube-se que Rui Pinto não se limitou a entrar em computadores ligados ao processo Football Leaks, mas que andou a pescar a toda a linha. Terá invadido e-mails, espiado mensagens e discos em várias instituições, nomeadamente do Ministério Público (DCIAP, DIAP), de procuradores importantes, do Ministério da Administração Interna, de magistrados.
Porque o fez? Porque podia. De um lado, contou com a sua sabedoria, do outro, com a fragilidade dos sistemas que encontrou. E o que fez com a informação encontrada? Nada. Até ao momento da detenção, guardou-a. Portanto, não se sabe o que pretendia fazer nem com quem queria trabalhar - jornalistas ou autoridades. Nem tão-pouco o que estaria dentro desses e-mails que pudesse provar alguma irregularidade. Até agora, segundo as autoridades, não tem colaborado para abrir essa informação - que está encriptada - nem para explicar como seria importante.
Teremos mesmo de decidir se Rui Pinto é herói ou vilão? O dilema que ele nos coloca é sério. É o de continuarmos a acreditar nas instituições como as conhecemos, sobretudo a judicial. Ou acharmos que já nada vale a pena. É o de considerarmos que podemos combater a podridão de dentro do sistema - ou se, porque ela atingiu o próprio sistema, temos de o fazer de fora, com meios menos ortodoxos e mais revolucionários.
Num certo sentido, nunca houve um tempo mais complexo para estas questões serem levantadas - quando a tecnologia permite tudo e a ética é uma questão opcional. Precisamente, o risco de tudo isto é que é discricionário. Quando não há leis, ou melhor, quando se ultrapassam as leis, também não há proteção possível. Para começar, a proteção da privacidade.
Normalmente os whistleblowers, ou denunciantes, trabalham à margem da lei até lhe entregarem os seus resultados, deixando-a, depois, atuar. Rui Pinto está a ir um pouco mais longe do que isso, pondo em causa o sistema, tendo os seus advogados falado até de "assédio judicial". O seu lugar para a história dependerá das suas próximas atitudes. E também, é certo, das de quem o investiga. No resultado deste processo estaremos a jogar uma parte do futuro do nosso sistema.
O que as pessoas não parecem perceber é o que de facto os hackers argumentam não é querer ser “despenalisados” nem tão pouco que tenham “pena” deles, que sejam considerados “heróis” etc. ad nauseum! O que os hackers procuram é justiça proporcional ás leis que quebram, nenhum hacker se considera “inocente” nem tão pouco promovem as actividades ilegais que proporcionam as “leaks”, considerem apenas que um hacker pode estar sujeito a 65 na prisão por intrusão num sistema informático em alguns países/jurisdições, mesmo que não lucre com o crime ou o motivo esteja isento de motivações egoístas ou de má fé. A questão das “Leaks” parece assustar os legisladores mais do que crimes como roubos etc.(para não falar de coisas bem mais deploráveis e nojentas), mas vamos ver que as “leaks” não são um apelo nem propaganda á anarquia, são antes uma acção que visa a justiça social(e poética nalguns casos).
Muitos hackers consideram as “leaks” como dever social, e são poucos os que discordam com punições aplicáveis por acções que violem leis e estatutos correspondentes, os castigos é que são os pontos de discórdia, fazia muito mais sentido pôr as pessoas a pagar a sua dívida á sociedade com serviço comunitário do que lhes destruir as perspectivas de trabalho com sentenças desproporcionais ao estrago causado, reparem que muitos destes “hackers” são pessoas muito jovens.
Reparem bem no consistem as tais “leaks” e quem devia ir a tribunal primeiro, os hackers ou a canalha toda que está contida nas leaks, que roubaram o país e o dinheiro de tanta gente, violando tantas leis sem nunca terem respondido pelos seus crimes nem tão pouco serem sentenciados pelos mesmos. Resta a pergunta, se a perseguição que fazem aos hackers não é medo de uma revolução popular da parte do sistema...
Pois, não vêm a relação dessa situação análoga aquela repressão de recreio em se cria o estigma de denunciar o bully? Os hackers “chibam-se” e o sistema protege os bullies em vez de punir a ilegalidade mais evidente e danosa para a sociedade.
@neant concordo contigo, ponham essa sacanagem toda na prisão e ponham os hackers a limpar matas ou praias, parece-me bem mais justo, quem merece os tais 65 anos na prisão são essa cambada de cabrões e cabras que lesam o estado, roubam do povo e fazem pouco dos pobres(para não falar que os roubam descaradamente).
@Prepper claramente essa a questão, mas como se dizia antigamente “ninguém faz nada”, quem pode e não faz é quase sempre um covarde ou vendido!
Nesta sociedade os denunciantes sao criminosos. Os corruptos politicos, dirigentes desportivos, banqueiros, enfim a mafia do constume recebem pensoes pela gatunagem. Sociedade com valores invertidos, dirigida por cobardes nunca sera uma sociedade saudavel. Deus ajude o Rui porque tem coragem. David e Golias.
gostei muito do teu comentário #Neant
Ver também acerca de Hackers e Contracultura:
Hacker Manifesto
Ver também:
Whole Earth Catalogue - De Contra-Cultura a Cybercultura